Ensaio sobre a Fidelidade...

"Amo a liberdade, por isso deixei livre as coisas que amo. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque jamais as possui." (Charles Chaplin)

Relacionamento humano é das coisas mais complicadas que existem. Só de pensar que cada ser tem características próprias e únicas, já dá pra imaginar a complexidade inerente a cada um de nós.
Dia desses eu estava conversando com a minha irmã sobre fidelidade. Nossa opinião diverge bastante a esse respeito... Eu sempre acreditei que a fidelidade é mais um daqueles consensos hipócritas que ditam as regras da sociedade. Sempre entendi que a gente tem que ser fiel, antes de tudo, a nós mesmos. Não tem como ser fiel aos outros sem se respeitar, sem fazer valer aquilo que realmente queremos, sem manter forte a fidelidade aos nossos princípios. Acho que essa é a base do respeito: eu me respeito e quero que me respeitem, por isso vou respeitar aos outros. Se eu não me respeitar, não vou ser digno de respeito. Acontece o mesmo com a fidelidade.
Ninguém é capaz de amar alguém que não tem amor próprio! Nossa discussão era sobre a fidelidade num relacionamento de casal. Ela acredita que a fidelidade é fundamental numa relação, que é sinal de amor e que a traição representa o fim do sentimento. Eu acabei de ler um livro (info no final do post) que tem uma passagem muito engraçada sobre traição. É mais ou menos assim: durante uma discussão de casal revelam-se as traições que aconteceram ao longo de um casamento, que durou 6 anos. Quando eles começam a falar sobre as traições, algo inusitado: ambos revelam que passaram a amar mais um ao outro quando passaram a ter relações extra-conjugais.
Eu acho que a traição deveria ser consensual. Não que eu queira que as conversas do café-da-manhã sejam: "Querida, ontem eu demorei pra chegar porque levei minha secretária pro Motel", ou: "Meu bem, não me espere pro jantar porque vou sair com meu personal trainer". Não é isso! O que eu quero dizer é que a traição deixa de ser traição quando não há engano, quando há lealdade.

"Voe por todo o mar, mas volte aqui pro meu peito" - Jota Quest

Separar 'sexo' de 'amor', talvez seja um caminho para isso. O seu marido passou algumas horas com a secretária, mas voltou pra você, pra sua cama, pros seus braços. Ele transou com ela, mas ama você. Não seria isso um mérito? Eu sei que é muito difícil se desvencilhar da posse que acreditamos ter sobre o outro quando temos um relacionamento, mas amor não é posse, muito pelo contrário, a posse, a dominância, o encarceiramento, as cobranças... enfim, tudo isso acaba com o amor.
O desejo é instintivo e inerente ao homem. O amor é racional. É melhor cultivar um amor de verdade do que destruí-lo com cobranças e punições porque um ou outro se entregou ao desejo.
Isso é só um ponto de vista, o meu ponto de vista, que talvez esteja completamente errado. Mas quem é que vai julgar? "Você pensa assim porque não está namorando. Quero ver mantêr essa opinião quando se casar!", disse minha irmã. Pode ser que eu mude completamente de idéia, mas nem pretendo me casar... além de tudo o que eu disse anteriormente, acho o casamento uma instituição falida. Com excessão do casamento mais-que-perfeito da mamãe Elaine e do papai Caio, que é como uma luz no fim do túnel... =)
Podem xingar, achar absurdo, brigar, divergir ou, simplesmente, concordar. Acho o debate muito saudável... Então, comentem!

Ah! Meu Veneno é Cor-De-Rosa =) =) =)

Livro citado: JABOR, Arnaldo. "Eu Sei Que Vou Te Amar". Editora Objetiva, Rio de Janeiro: 2007