Arrependimento? Mata!

As aulas recomeçaram e a vida voltou ao normal...
Impressionante como a gente vive melhor quando está tudo como devia estar, sem grandes surpresas, sem grandes modificações na rotina cotidiana. Essa certeza de que tudo está bem é gerada pela repetição das coisas. Tudo o que é novo traz, consigo, o incerto, o medo, o desafio e nem sempre acompanhamos essas coisas com a disposição que elas demandam.
Quantas coisas já deixamos de fazer, de viver, quantas pessoas já deixamos de conhecer simplesmente por comodismo?
Eu vivo dizendo que amo meu trabalho porque ele não segue uma rotina linear, não é igual todos os dias. Eu não me prendo à horários e trato exclusivamente com pessoas, que é o que eu mais gosto. Mas quantas oportunidades eu já perdi só porque não quis enfrentar o novo, não quis trocar o círculo de amizades, de colegas de trabalho. Eu sempre tento não me arrepender, tento nem pensar em como podia ter sido.
Acho que o arrependimento é o troféu dos covades.


Minha mãe odeia o trabalho dela, e já há mais de 15 anos. Mas diga pra ela mudar de ramo, procurar coisas novas. Ela te esgana! Ela morre de medo, tem pesadelos e calafrios só de pensar no assunto. Eu vivo discutindo com ela por causa disso. É por isso que me ocupo de fazer aquilo que gosto. A vida é curta e tenho pavor de chegar ao fim dela e descobrir que eu não vivi!
Um pequena história:
Quando eu tinha uns 5 anos minha bisavó estava muito velhinha e eu tinha medo dela porque ela estava esclerosada. Um dia ela segurou a minha mão bem firme, me olhou nos olhos e, com um sotaque português que me impediu de entender muita coisa, me disse: "Minha vida está chegando ao fim e eu me arrependo de muitas coisas. Eu não vivi como eu queria e te proibo de não ser feliz. Não viva pra se arrepender depois! Faça tudo aquilo o que tiver vontade, com saúde, é claro. A vida é curta, minha pequena, e a morte, ao se aproximar, faz a gente pensar em como foi a vida. Quando essa hora chegar, não quero que você se arrependa nem sofra, como eu estou agora. Viva!"
Quando ela terminou eu já estava quase chorando. Não pelo que ela disse, porque naquele momento não entendi o recado, mas porque ela foi tão incisiva que me deixou a mãozinha vermelha e eu achei que ela estivesse me dando uma bronca.
Nunca mais a vi. Ela morreu poucos meses depois.
Eu me lembro da expressão dela ao dizer cada uma daquelas palavras, e, hoje, agradeço por tê-las ouvido.
É meus caros, eu fui proibida de ser infeliz, de viver mediocremente. E tenho certeza que minha bisa Júlia está me vigiando para que eu não a desobedeça.
Pode deixar bisvóvo, eu estou me esforçando pra fazer da minha vida uma trajetória da qual eu jamais me arrependa!

Só pra fazer um paralelo com o post anterior, eu só tenho a dizer que de nada me arrependo. A intensidade com que as coisas são feitas é inversamente proporcional ao arrependimento: quanto mais intenso, menos arrependimento gera.
Vi uma comunidade no orkut e achei o máximo "Melhor acordar arrependido do que ir dormir com vontade". Eu trocaria o nome por "Acordei feliz porque fiz o que quis", ainda por cima rima! =P
Ah! E comentem aqui mesmo, meu queridos! Recebi um monte de e-mail pra comentar as postagens, mas queria que, se possível, vocês comentassem por aqui! Pra gerar discussão. Opiniões divergentes são ótimas pra fazer a gente pensar =)

Beijinhos