domingo, 24 de janeiro de 2010

Considerações sobre o Tempo


Já é 2010... Nenhum filme futurista da década de 80 poderia prever que chegaríamos até aqui.
E nada mudou. Os carro não voam, não somos capazes de nos teletransportar e a comunicação por hologramas ainda é pouco usada.
As pessoas também não mudaram. Só ficaram mais duras, com o passar do tempo.
Todo mundo envelhece e ainda não se descobriu a fórmula para a vida eterna.
Aliás, é sobre envelhecer o post de hoje.


Eu estive no Paraná. Minha família é de uma cidade chamada Cornélio Procópio. Bem interior... O modo de vida, os costumes, as pessoas, a cidade. Sempre passei férias lá, desde criança. Sempre me impressionei com a vivacidade e a alegria de viver da minha tia avó, que eu chamo de tia.
Ela sempre usava salto alto, mesmo dentro de casa. Sempre se maquiava e arrumava os cabelos e mantinha as unhas bem feita. Sempre se preocupou em usar roupas bonitas, em manter o peso e o sorriso bonito. Ela sempre teve porte. E eu achava aquilo lindo! Ela ia aos bailes, tinha namorado e a cidade inteira comentava o quanto ela se cuidava e se preocupava com a aparência.
E sempre foi assim, todas as vezes em que estive lá. Ela sempre nos recebia com um sorriso e contava um milhão de histórias. Podia ser madrugada, mas lá vinha ela sobre seus saltos, numa alegria que dava gosto, nos oferecer um café e papear. Era sempre muito bom.
Fiquei dois anos sem aparecer por lá. A gente vai crescendo e a vida nos priva das coisas que sempre fazíamos.
Ontem eu voltei de Cornélio Procópio depois de uma semana. Dessa vez o que me impressionou foi o envelhecimento que chegou castigando minha tia. Em dois anos, ela envelheceu mais de 10. Anda triste, cabisbaixa, não se arruma mais, não usa mais seus saltos, não tinge os cabelos, não faz as unhas e só sai de casa se for arrastada. Ela não conversa mais, quase não sorri, abandonou a dentadura inferior e anda se arrastando pela casa. Ela quase não come e emagreceu mais de 10 quilos. Não tem o que faça com que ela se anime.
Eu voltei pra casa bem triste por tê-la visto daquele jeito. E fiquei pensando muito sobre a ação do tempo sobre nós.
Tenho medo de envelhecer. Tenho medo de perder a alegria de viver. Tenho medo e sofro só em pensar que isso vai acontecer com a minha avó, e depois com a minha mãe, e depois comigo...
O tempo é mesmo cruel...

2 comentários:

Unknown disse...

Bebê, a infelicidade e a depressão não fazem parte do processo de envelhecimento e maturidade. Tua tia foi atropelada pela vida (alguma coisa pontual aconteceu com ela).
Tá cheio de velhinhas salientes e felizes que fizeram sua parte e agora estão curtindo a vida...
Eu faço questão de ser uma delas (falta pouco, mas ainda falta..haha)
bjsbjsbjs

Empadilha disse...

Muito bom seu blog, muitas verdades ditas no post, que se pararmos pra pensar nos fazem entrar em parafuso, porém o processo de passar pela vida (envelhecer) não precisa ser doloroso...
parabéns!
beijO