quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sobre o Sofrer...


Eu sofro, Tu sofres, Ele sofre

Nós sofremos, Vós sofreis, Eles sofrem

Todo sofrimento é pessoal e intransferível. Ninguém pode, mesmo que suas intenções sejam as melhores, compartilhar um mesmo sofrimento.

Não há um processo de alma que seja mais interno, mais íntimo do que o sofrimento.

As pessoas podem sofrer da mesma dor, mas não sofrem do mesmo jeito.

Em uns dói mais, deixa mais marcas, feridas incuráveis...

Outros passam pelo sofrimento carregando somente a poeira levantada por ele.

Sofrer é quase um egoísmo. Quando o seu sofrimento transparece as pessoas em volta ficam comovidas. E isso, ao invés de ajudar a passar, alimenta o sofrimento.

E autopiedade é um comportamento tão tentador. É um lugar confortável no qual todo mundo se importa com você, já que você está frágil, triste, sofrido...

É quase impossível deixar de sofrer quando começamos a sentir pena de nós mesmos.

E eu digo isso por experiência própria.

Houve um tempo em que direcionava todos os holofotes para minhas pequenas mazelas. Eu me acabava de chorar, soluçava, ficava com a face desolada e, como recompensa, tinha a compaixão, a atenção e o carinho de todos. Por outro lado, estava criando um monstro.

Aos poucos aprendi que o sofrimento não é motivo de orgulho, tampouco deve estar estampado na testa ou escrito num luminoso. Quanto menos puder se lembrar do que te faz sofrer, mais rápido esse sentimento vai embora.

Mas nunca ignore o sofrimento. Ele é, talvez, o melhor professor que temos na vida. As lições que o sofrer nos ensina, se forem aprendidas, são preciosidades que valem a dor causada. Só quem não vive não se arranha.

Outro ponto importante é que ninguém é responsável pelo sofrimento alheio.

Se você sofre o problema é seu. Não tente culpar o cara que te deixou, ou as insatisfações com o seu trabalho, ou seus desentendimentos familiares.

Somos senhores de nós mesmos. Causamos dor e recebemos dor de forma quase inconsciente, numa via de mão dupla. Sofrer ou não é uma questão de escolha.

Ninguém tem que se culpar por sentir isto ou aquilo.

Ninguém tem que basear sua vida em expectativas. Isso é muita dependência...

E, a menos que haja má fé, ninguém tem que se responsabilizar pelo sofrimento do outro.

Se você gosta de alguém e não há correspondência, você sofre. Mas sofre porque criou expectativas, não é culpa dele/a.

É muito mais fácil atribuir a culpa do seu sofrimento à alguém. Tão fácil quanto a autopiedade...

Mas não quero ser repetitiva.

8 comentários:

Marília Soares disse...

Tá perfeito como sempre! Adoro seus textos... Profundos e sempre em identifico som eles.
Esse caiu como uma luva!
Parabens Linda...

Carol Araújo disse...

Que maravilhoso esse post! Super a verdade! Amei, sério mesmo!

jamyllebizzocchi disse...

nossa claudinha muito lindo esse texto...
adorei
como diz mary
ele caiu como uma luva pra mim
bjos

Fernando Cesar disse...

Droga.. pensei que ia achar algo revelador! hehehe Lindo texto! Parabens!

Anônimo disse...

Lindo, parabéns!

pati romano disse...

Amei o seu texto, de verdade. E adorei o blog! *-* Vou passar aqui mais vezes... :)

Martinaitis disse...

Belo post, como diria o sábio, sem o azedo do limão não seria possivel apreciar o doce do açucar, sem o sofrimento não seria possivel apreciar a felicidade. (ou algo do tipo)

Ou eu diria: Não viva só de limão, nem só de açucar, misture tudo e aproveite a vida que é uma torta de limão!

Mayara disse...

adorei!!!