segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Da Angústia de ser Só...


Solidão dói.

E não dói pouco.

A pior de todas as solidões é a acompanhada. Sabe quando você está cercado de gente, gente realmente legal, mas se sente só? Essa é a pior dor.

Quem nunca sentiu uma ponta de tristeza que chega sem avisar e vai embora do mesmo jeito?

Existe em mim uma angústia que vem me maltratando muito.

Eu tenho muitos amigos que eu amo e me amam de verdade. Sinto-me uma pessoa privilegiada.

Eu tenho uma família que me apóia e ama muito. Sinto-me reconfortada.

Eu tenho um trabalho que eu amo e me faz absurdamente bem. Sinto-me recompensada.

Mas eu não tenho ninguém pra amar. E aqui falo de um amor de casal.

Quem nunca se sentiu triste por não ter com quem compartilhar coisas pequenas, mas muito importantes?

Eu sempre me gabei por nunca estar sozinha. Eu sempre tive homens para escolher, para combinar com o sapato. Eu sempre tive companhia quando quis.

Agora isso me causa uma dor enorme. Eu tive relações rasas aos montes. Eu nunca quis me comprometer, quase nunca me deixei amar. Eu vivi efemeridades, vivi momentos, vivi passagens.

Eu não quero mais olhar e não ver. Eu quero ter alguém de verdade. Quero me entregar e me permitir amar e receber amor de volta.

Me angustia pensar que o tempo está passando. Me angustia pensar que posso ter deixado passar o amor da minha vida nessas relações tão sem sentido.

Não que tenham valido, aliás tudo é experiência e tudo é válido.

Me angustia pensar que essa angústia quase me mata, mas eu continuo vivendo a mesma vida.

Eu preciso mudar, preciso tomar uma atitude radical.

Eu quero mais, ou não quero nada.

Eu quero tudo e não vou mais aceitar menos do que isso.

Eu quero que essa angústia suma e leve junto minhas dúvidas, incertezas e esse nó na garganta que torna difícil respirar...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sobre o Sofrer...


Eu sofro, Tu sofres, Ele sofre

Nós sofremos, Vós sofreis, Eles sofrem

Todo sofrimento é pessoal e intransferível. Ninguém pode, mesmo que suas intenções sejam as melhores, compartilhar um mesmo sofrimento.

Não há um processo de alma que seja mais interno, mais íntimo do que o sofrimento.

As pessoas podem sofrer da mesma dor, mas não sofrem do mesmo jeito.

Em uns dói mais, deixa mais marcas, feridas incuráveis...

Outros passam pelo sofrimento carregando somente a poeira levantada por ele.

Sofrer é quase um egoísmo. Quando o seu sofrimento transparece as pessoas em volta ficam comovidas. E isso, ao invés de ajudar a passar, alimenta o sofrimento.

E autopiedade é um comportamento tão tentador. É um lugar confortável no qual todo mundo se importa com você, já que você está frágil, triste, sofrido...

É quase impossível deixar de sofrer quando começamos a sentir pena de nós mesmos.

E eu digo isso por experiência própria.

Houve um tempo em que direcionava todos os holofotes para minhas pequenas mazelas. Eu me acabava de chorar, soluçava, ficava com a face desolada e, como recompensa, tinha a compaixão, a atenção e o carinho de todos. Por outro lado, estava criando um monstro.

Aos poucos aprendi que o sofrimento não é motivo de orgulho, tampouco deve estar estampado na testa ou escrito num luminoso. Quanto menos puder se lembrar do que te faz sofrer, mais rápido esse sentimento vai embora.

Mas nunca ignore o sofrimento. Ele é, talvez, o melhor professor que temos na vida. As lições que o sofrer nos ensina, se forem aprendidas, são preciosidades que valem a dor causada. Só quem não vive não se arranha.

Outro ponto importante é que ninguém é responsável pelo sofrimento alheio.

Se você sofre o problema é seu. Não tente culpar o cara que te deixou, ou as insatisfações com o seu trabalho, ou seus desentendimentos familiares.

Somos senhores de nós mesmos. Causamos dor e recebemos dor de forma quase inconsciente, numa via de mão dupla. Sofrer ou não é uma questão de escolha.

Ninguém tem que se culpar por sentir isto ou aquilo.

Ninguém tem que basear sua vida em expectativas. Isso é muita dependência...

E, a menos que haja má fé, ninguém tem que se responsabilizar pelo sofrimento do outro.

Se você gosta de alguém e não há correspondência, você sofre. Mas sofre porque criou expectativas, não é culpa dele/a.

É muito mais fácil atribuir a culpa do seu sofrimento à alguém. Tão fácil quanto a autopiedade...

Mas não quero ser repetitiva.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

À Minha Irmã






Eu tenho uma irmã. E nisso não tem nada de anormal... Mas hoje quero escrever sobre a nossa relação.
Ela nasceu em 02/11/1982 e ainda era uma criança quando em 01/07/1985 eu nasci. Ela nunca gostou da ideia de ter alguém com quem dividir a atenção da mamãe, os carinhos do papai, os brinquedos, os mimos, o quarto...
Eu mal tinha aberto meus olhos e ela ainda andava com alguma dificuldade quando me pegou no colo e saiu correndo feito uma desvairada. Os adultos que corriam atrás dela não foram capazes de alcançá-la. Então ela tropeçou e caiu sobre mim. Eu cortei o lábio, bati a cabeça e estava sangrando bastante. Ela, que nem se arranhou, saiu correndo para o colo da minha mãe no ímpeto de contê-la e impedir que ela me socorresse. Ela não me queria por perto.
Durante a infância eu atraia mais carinhos do que ela. Sempre fui muito doce e carinhosa. Ela sempre teve gênio forte e era muito independente. Eu era chorona e ela era irredutível.
Ela passou anos tentando me convencer que eu era adotada. Chegou a inventar detalhes sobre a minha suposta "mãe de verdade".
Ela me batia, eu tentava revidar mas sempre saia chorando. Ela apanhava do meu pai e eu chorava de pena. Depois apanhava dela, que precisava descontar sua raiva em alguém.
Nós fomos crescendo e nunca fomos amigas. Não havia um dia que passássemos sem nos agredir física ou verbalmente.
Lembro de ver minha mãe chorando uma vez querendo saber quando é que aquilo pararia.
Um dia, ela começou a trabalhar na Caixa Econômica Federal e, alguns meses depois, eu consegui um trabalho como aprendiz na mesma agência em que ela trabalhava.
No começo foi estranho ter outra relação com ela. Não éramos só irmãs, éramos colegas de trabalho.
Eu terminava o meu horário e ficava mais algumas horas esperando até que ela saísse. Então, íamos embora juntas.
Dali em diante nunca mais fomos inimigas. Eu passei a olhar pra ela com muita admiração e orgulho e ela não me via mais como a impertinente irmã mais nova.
Nós conversávamos, ríamos e nos divertíamos todo o tempo em que estávamos juntas.
Foi maravilhoso "conhecer" a minha irmã!
Agora ela era minha melhor amiga. Era minha irmã perfeita. Era meu exemplo. Era meu orgulho.
O tempo foi passando, ela teve namorados, eu tive namorados. As prioridades mudaram, o tempo livre ficou escasso... Mas ela sempre esteve lá, no quarto do lado ou, mais recentemente, no mesmo quarto. Eu sempre a via e, mesmo que ela estivesse dormindo, eu lhe dava um beijo de leve e dizia que a amava.
E, de repente, ela foi embora.
Não, não foi de repente. Eu a vi indo embora aos poucos. Ela mal ficava em casa e eu também estava ausente. Ela comprou um apartamento junto com o namorado, eles reformaram tudo, mobiliaram tudo e eu, mesmo tendo acompanhado todo o processo, ainda não tinha processado o que estava acontecendo.
E um dia ela veio em casa e levou todas as coisas dela embora. Eu sofri tanto quando abri o armário e ele estava vazio. Naquela ocasião escrevi:
"No quarto ouço apenas os meus suspiros chorosos. Posso me mexer na beliche, não tem ninguém dormindo na cama de baixo. No armário só o vazio. Na lembrança tanta coisa... Nunca mais brigas pela televisão ligada na hora de dormir, ou do perfume forte no quarto logo cedo. Nunca mais as conversas de fim de noite, os conselhos antes de dormir. Nunca mais o boa noite de todas as noite. Nunca mais o beijo na face já adormecida..
Agora ela mora em outra casa, logo vai construir uma outra família e estou feliz por ela.
Mas não consigo conter minhas lágrimas porque, até agora, parecia uma brincadeira.
Agora é real e dói tanto!"
Pra não sofrer tanto, ando meio distante. Mas o meu amor é, e sempre será, enorme e incondicional.
Afinal, ela é minha irmã e é a melhor irmã do mundo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Transbordando...

Quase uma da manhã... não consigo dormir. Sinto uma inquietude que não tem razão de ser, mas que está aqui, me incomodando, me mantendo acordada.
Minha vida vai bem. Voltei ao trabalho depois de férias inesquecíveis. Férias que me fizeram definir como eu quero a minha vida.

Eu passei o Reveillon em Caraíva, um paraíso ao sul da Bahia. Estava com amigos que eu amo de verdade, com muitas questões mal resolvidas e muita esperança de resolvê-las.
A gente sempre se engana achando que pode mudar as coisas...
Embora a viagem tenha sido perfeita, os dias tenham sido lindos e meus amigos estivessem do meu lado, passei a primeira noite do ano sozinha, chorando na praia. E a segunda também. E na terceira, finalmente, resolvi que não queria mais chorar.
E não chorei.
Resolvi aceitar as coisas e percebi que não dava mais pra viver daquele jeito.
Em uma das noites, ao som do mar e iluminada somente pela luz da Lua, escrevi:

"Desistir é difícil. Tão difícil quanto necessário... Vez em quando a gente pinta as pessoas com cores que não combinam com elas, refletindo apenas aquilo que gostaríamos que elas fossem.
Descobrir as cores reais de alguém é doloroso quando destoa muito daquilo que a gente imaginou.
É na marra que a verdade aparece. Assim, como se fosse um acidente. E a gente ainda tenta se enganar, pensa ser capaz de mudar o imutável, colorir o preto e branco e ser feliz pra sempre, como num conto daquele de fadas.
Não adianta! Não dá! Mas parece que existe um orgulho, um gosto pelo desafio, uma estupidez quase infantil...
Eu quero desistir, quero não querer mais.
Diante de mim, o Mar.
Acima de mim, o Céu.
Minhas testemunhas... Minhas únicas testemunhas!"

Acho que foi nesse dia que eu me levantei, enxuguei minha lágrimas e não chorei mais.
Desse momento em diante, resolvi que ia sofrer menos, já que não sofrer é impossível.
E é assim que estou vivendo.
Eu tenho tentado criar menos expectativas, fazer menos planos e enxergar as pessoas da forma mais clara possível.
Essa é a tônica de 2010 para mim.
Meu coração está tranquilo e, embora queira loucamente se apaixonar, eu o mantenho sob controle.
A razão tem mandado por aqui. Como nunca antes.
Eu quero muito ser feliz esse ano. Minha meta é a felicidade.
Já me cansei de ter sucesso em tudo às custas de um coração em farrapos.
Eu quero amor.
Mas tenho calma, como nunca tive.
Acho que minha alma transbordou e agora o sono bateu...
Hora de nanar!
Beijinhos

Ah!! A foto é de Caraíva, mais precisamente do encontro do Rio com o Mar. Um espetáculo.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Considerações sobre o Tempo


Já é 2010... Nenhum filme futurista da década de 80 poderia prever que chegaríamos até aqui.
E nada mudou. Os carro não voam, não somos capazes de nos teletransportar e a comunicação por hologramas ainda é pouco usada.
As pessoas também não mudaram. Só ficaram mais duras, com o passar do tempo.
Todo mundo envelhece e ainda não se descobriu a fórmula para a vida eterna.
Aliás, é sobre envelhecer o post de hoje.


Eu estive no Paraná. Minha família é de uma cidade chamada Cornélio Procópio. Bem interior... O modo de vida, os costumes, as pessoas, a cidade. Sempre passei férias lá, desde criança. Sempre me impressionei com a vivacidade e a alegria de viver da minha tia avó, que eu chamo de tia.
Ela sempre usava salto alto, mesmo dentro de casa. Sempre se maquiava e arrumava os cabelos e mantinha as unhas bem feita. Sempre se preocupou em usar roupas bonitas, em manter o peso e o sorriso bonito. Ela sempre teve porte. E eu achava aquilo lindo! Ela ia aos bailes, tinha namorado e a cidade inteira comentava o quanto ela se cuidava e se preocupava com a aparência.
E sempre foi assim, todas as vezes em que estive lá. Ela sempre nos recebia com um sorriso e contava um milhão de histórias. Podia ser madrugada, mas lá vinha ela sobre seus saltos, numa alegria que dava gosto, nos oferecer um café e papear. Era sempre muito bom.
Fiquei dois anos sem aparecer por lá. A gente vai crescendo e a vida nos priva das coisas que sempre fazíamos.
Ontem eu voltei de Cornélio Procópio depois de uma semana. Dessa vez o que me impressionou foi o envelhecimento que chegou castigando minha tia. Em dois anos, ela envelheceu mais de 10. Anda triste, cabisbaixa, não se arruma mais, não usa mais seus saltos, não tinge os cabelos, não faz as unhas e só sai de casa se for arrastada. Ela não conversa mais, quase não sorri, abandonou a dentadura inferior e anda se arrastando pela casa. Ela quase não come e emagreceu mais de 10 quilos. Não tem o que faça com que ela se anime.
Eu voltei pra casa bem triste por tê-la visto daquele jeito. E fiquei pensando muito sobre a ação do tempo sobre nós.
Tenho medo de envelhecer. Tenho medo de perder a alegria de viver. Tenho medo e sofro só em pensar que isso vai acontecer com a minha avó, e depois com a minha mãe, e depois comigo...
O tempo é mesmo cruel...